Diary Entry#12 - Este assunto mexe muito comigo

segunda-feira, abril 11, 2016
Photo credits: jornal Expresso
PT
Na semana passada li uma notícia no jornal Expresso online (aqui) que mexeu muito comigo, como devem imaginar. Pensei imediatamente que teria de postar acerca do assunto.

A Associação Portuguesa de Fertilidade esteve no Parlamento a falar com os deputados para sensabilização dos mesmos quanto à necessidade de alargamento dos prazos dos tratamentos de infertilidade no SNS.

Não sei se alguma (ou algum, porque sei que também tenho leitores do sexo masculino e é um tema que afecta ambos os elementos do casal) de vós passou ou está a passar por este problema. Eu sei que passei e muito, como vos referi várias vezes. A primeira das quais foi no meu 1º post deste blog . Poderão lê-lo/relê-lo aqui.

Este é um tema muito sensível e era importante que os deputados no Parlamento ouvissem o apelo da Associação Portuguesa de Fertilidade. A mesma fala em 300.000 casais mas é possível que o número seja muito superior. Não tenho a certeza, é claro, mas não acredito que inclua todos os processos a decorrer em instituições privadas. De qualquer forma, são pelo menos 300.000 casais. 600.000 pessoas infelizes, angustiadas, stressadas (mais ou menos), ansiosas! É muito difícil, posso dizê-lo porque o vivi na primeira pessoa.

Numa época em que, por variadíssimas razões, as pessoas tentam ter o seu primeiro filho numa idade mais avançada do que na geração passada, o problema torna-se mais complicado. Descobre-se o problema mais tarde. Seguem-se testes para despistar algum problema identificável e o pior é quando não se identifica nenhum. E o tempo a passar...

Lembro-me de após as primeiras tentativas falhadas pressionar o meu médico a me deixar iniciar imediatamente um novo ciclo. Ele dizia-me "Ana, não pode ser. Tem de esperar pelo menos 2 meses." E eu replicava "Não tenho tempo! Estou numa corrida contra o tempo!!!

Conheci um caso de uma mulher que esteve imenso tempo em fila de espera (quase 2 anos) num hospital público e, quando chegou a sua vez, já não a aceitaram por ter passado a idade limite. Como se convive com isto? Alguém me explica?

Sou uma felizarda por não ter estado dependente do apoio dos hospitais públicos. Com um limite de 3 tentativas por casal, não teria tido filhos. Engravidei da minha filha dentro do "prazo" mas foram precisos 7 ciclos! Defendo a proposta apresentada pela Associação de alargamento para 5 ciclos de tentativas e uma idade máxima de 45 anos. Para mim não serviria mas certamente ajudaria muitos casais a realizarem os seus sonhos.

Se passar por estes ciclos de tratamento não é fácil física e emocionalmente, imaginem a pressão acrescida imposta por um número tão limitado de tentativas! E piora, quando se tem de passar a efectuar as tentativas no privado. Os ciclos são caros e impõem um stress financeiro, na grande maioria dos casos :-(

Tenho de, pelo menos, reconhecer que algumas coisas foram feitas. Tive uma boa surpresa quando iniciei os ciclos para tentar o meu segundo filho. Ao contrário do que sucedeu com a minha filha, passou a haver comparticipação na medicação! Uma medida com impacto importante.

Fala-se do envelhecimento da população portuguesa e não se apoia mais quem tanto quer contribuir para o crescimento da mesma. Contrasenso.

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